segunda-feira, 18 de agosto de 2008

TROPA DE ELITE – OSSO DURO DE ROER E SAPO MAIS DIFÍCIL AINDA DE ENGOLIR

Rebecca Santoro
27/10/2007

TUDO QUE VOCÊ GOSTARIA QUE DISSESSEM SOBRE TROPA DE ELITE EM REDE NACIONAL DE RÁDIO E TV
Tudo bem, o brasileiro já tem a pecha mesmo de analfabeto e de desinformado em relação a quase todos os assuntos – política, inclusive. Mas, fazer conta praticamente todos os nossos patrícios sabem. Mas, não parece que seja isso o que entende a grande parte da imprensa que saiu a veicular, como simples papagaio repetidor, e sem situar bem o contexto dos dados revelados, os resultados da pesquisa do IBGE sobre o perfil dos consumidores de drogas no Brasil – que passaram, agora, a ser qualificados como os principais responsáveis pelos assustadores lucros da indústria do tráfico de drogas e pelo patrocínio do crime organizado.

O tema foi ressuscitado pelo merecido e inquestionável sucesso do filme Tropa de Elite e endossado pela pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, realizada a partir de dados do IBGE, e que mostra o retrato dos usuários de cocaína, de maconha e de lança-perfume: “homens, jovens e ricos - o mesmo perfil dos que mais morrem no trânsito”. O problema é que tanto os dados do IBGE quanto o estudo da FGV são análises dentro de um universo restrito de consideração. O estudo, por exemplo, não considerou nem o crack e nem as chamadas drogas sintéticas. Tropa de Elite, entretanto, apesar de propor a reflexão sobre a parcela de culpa que cabe ao inconseqüente consumidor de drogas pelo “sucesso” do tráfico e pela expansão da criminalidade, está bem longe de reduzir a questão à sua mera existência.

Não, o filme do cineasta José Padilha diz muito mais do que isso, como falarei mais adiante, e com certeza, isso se deva, especialmente, aos autores do livro em que o filme foi baseado - Elite da Tropa, do sociólogo Luiz Eduardo Soares e dos oficiais do BOPE André Batista e Rodrigo Pimental, que contam histórias reais do dia-a-dia daquela tropa. Essa estória de dizer que Tropa de Elite colocou o dedo na ferida da questão da criminalidade por trazer os “filhinhos de papai”, que seriam os usuários de drogas, para o banco dos réus é discurso fabricado (até mesmo por alguns dos envolvidos com o filme, talvez por temer a represália esquerdopata), para desviar a atenção de outras principais, e talvez muito mais importantes, feridas que foram igualmente cutucadas - com toques de maestria, diga-se de passagem.

Mas, primeiro, vamos aos números do IBGE para fazer umas continhas de matemática simples que nos permitirão, afinal, verificar o porquê de ser completamente improvável que o crime organizado - que hoje age nas grandes cidades brasileiras – seja financiado, exclusiva e primordialmente, pelos consumidores de drogas (que é para onde pretendem, afinal, direcionar as reflexões populares sobre o sucesso do tráfico e do crime organizado).

O Brasil tem cerca de 190 milhões de habitantes, divididos em 7 classes: A1, A2, B1, B2, C, D e E. Cerca de 81% da população está nas camadas C, D e E, composta por famílias que têm renda mensal média entre R$ 350,00 e R$ 1.000,00. A soma de indivíduos nas classes A-1 e A-2 dá 5% e, dos das classes B-1 e B-2, 24%. Como os dados do IBGE dizem que o consumidor de drogas estaria nas classes A e B, restringiríamos nosso universo para cerca de 29% dos brasileiros (55 milhões de pessoas). Como 99% dos consumidores de drogas são homens, e estes representam cerca de 49% da população, pode-se supor que, destes 55 milhões de pessoas das classes A e B, somente 27,5 milhões de indivíduos seriam do sexo masculino e, portanto, os que se enquadrariam no perfil do consumidor de drogas.

Suponhamos também que, dentre estes homens, a metade esteja com idade entre 10 e 29 anos – o que diminuiria nosso universo de consideração para cerca de 13 milhões de indivíduos. Finalmente, suponhamos que, dentro deste grupo, apenas 2/3 dos componentes se encaixasse na descrição do perfil do usuário de drogas do IBGE: “brancos (85%), com oito a 11 anos de estudo (60%) e que ocupassem a posição de filho dentro de casa (80%), no lugar dos chefes da família ou dos cônjuges” – o que significa que teríamos um total de aproximadamente 9 milhões de consumidores de drogas. Se o mesmo estudo diz que a média de gastos por pessoa, mensalmente, com consumo de drogas é de R$75,00, esse comércio geraria, por mês, no varejo, uma renda de aproximadamente R$ 675 milhões (ou cerca de R$ 8 bilhões por ano - aproximadamente U$ 5 Bilhões).

Agora, divida-se estes R$ 675 milhões pelo número de bocas de fumo, diminua-se os custos para produzir, transportar e armazenar as drogas em si, e acrescente-se, ainda, as despesas, digamos, “operacionais”, que o “sistema do tráfico” tem, como “comprar” juízes, advogados, policiais e outros agentes da lei, ou como ter que pagar um arsenal de empregados para que o esquema todo do tráfico funcione, ou ainda como comprar e sustentar todo o armamento necessário para a guerra particular dos traficantes, entre si e contra a polícia. Isso para não falar das despesas com a enorme quantidade de “investimentos” (diversificados) que os grandes traficantes costumam fazer em bens materiais e também em segurança particular. Sobraria quanto? Que espécie de negócio tão lucrativo é esse cujo custo com a manutenção, além de envolver riscos de morte e de prisão dos envolvidos, é extremamente alto, a ponto de que qualquer falha que aconteça, como, por exemplo, a apreensão de drogas pela polícia, comprometa toda a lucratividade?

Quando se considera os números divulgados na publicação de outros estudos e de reportagens sobre o tráfico de drogas, os resultados são mais estapafúrdios ainda e não conseguem encaixar-se entre si. Em 2003, por exemplo, reportagem da revista
Veja dizia que o comércio de drogas já movimentava no Brasil cerca de U$ 15 bilhões por ano (contra os U$ 5 bilhões que foram demonstrados acima). Hoje, documentos oficiais trazem informações de que 22,8% dos brasileiros consumiriam drogas (ou seja, cerca de 43 milhões de pessoas).

Ora, sendo assim, e com base nos dados divulgados sobre o estudo da FGV, praticamente todos os indivíduos que compõem as classes A e B (que somam 29% da população) estariam envolvidos com o consumo de drogas. Mas, como já demonstrei acima, com muito “otimismo”, teríamos aproximadamente 9 milhões de indivíduos pertencentes a estas duas classes e que poderiam ser enquadrados dentro do perfil dos consumidores de drogas revelados nos estudos.

Isso significa simplesmente que, ou a concentração mais elevada de viciados não está nas classes A e B (já que 43 – 9 = 34) ou então que, cada um destes 9 milhões de viciados das citadas classes gasta a improvável quantia de R$ 250,00 por mês para sustentar seu vício (e não a média de R$ 75,00) – e isso nas classes sociais cuja média da renda mensal em cada família (de quatro pessoas) varia de R$ 600 a R$ 4 mil por pessoa (esta representando menos de 5% da população).

Ou seja, nossas classes mais produtivas, mais empreendedoras e que mais consumem estariam comprometendo de 30% a 16% de seus orçamentos com drogas – o que, diante das despesas dessas classes com contas fixas e obrigatórias (impostos, aluguel, alimentação, escola, plano de saúde, luz, gás, telefone, água) seria justamente a parte do orçamento que poderia estar sendo direcionada para o consumo de bens e de serviços que efetivamente são o que mantém o bonde do emprego e da economia em funcionamento.

Donde se conclui que, se esse quadro descrito pelas autoridades fosse a mais pura revelação da realidade, o país estaria simplesmente falido. E ainda que: ou tem lucro demais no comércio de drogas, para consumidor de menos, ou tem muito mais consumidor de classe baixa do que de classe média alta para cima. E isso porque não entrou nesse exercício de matemática o preço das drogas no varejo – o que, muito provavelmente, nos levaria à conclusão de que “nossos viciados” só teriam condições de ceder aos seus vícios apenas por alguns dias por mês (o que beira o ridículo, de tão improvável).

Toda essa loucura de cálculos e de comparações, para dizer o óbvio: que há muito mais dinheiro e muito mais atividades criminosas que usam o tráfico de drogas para justificar uma lucratividade que está mais do que “na cara” de que somente o consumo de drogas (pelo menos aqui no Brasil) seria incapaz de proporcionar (e que, muito provavelmente, jamais passariam no teste de “custo-benefício”, que precisa ser necessariamente bastante compensador em qualquer que seja a atividade comercial).

Apesar de ser inegável que a venda de drogas dê, sim, muito dinheiro, não é nenhuma insanidade supor que seja plausível que o tráfico e o comércio de drogas sejam inclusive - e até – subsidiado, em algumas regiões, para: 1) mascarar outras atividades comerciais e financeiras (inclua-se aqui algumas das tidas como lícitas) muito mais úteis e compensadoras (como o comércio ilícito de armas – incluindo as nucleares –, de minerais valiosos indispensáveis à produção bélica e industrial, ou como o comércio de seres humanos – e de órgãos etc.); 2) para abrigar o indispensável “mercado” de lavagem de dinheiro e 3) para
financiar a indústria do terrorismo que, acredite-se ou não, tem sim o objetivo comum e maior de exterminar a civilização ocidental cristã.

Em se tratando particularmente do item 3 acima, vale a pena para os interessados, “bancar” a distribuição e a comercialização das drogas, não por sua alardeada lucratividade, lá na ponta do varejo, mas por sua capacidade de gerar conflitos, de desagregar as famílias e as sociedades – dividindo-as e desumanizando-as, até que se corroam, irreversivelmente, de dentro para fora, numa espécie de suicídio inconsciente, cuidadosamente monitorado pelo agente interessado na destruição. Nesse sentido, sim, talvez resida a grande lucratividade do comércio de drogas. Um dia, tudo isso virá à tona – e será claro como a mais pura água da fonte...

Há sempre muitos mais interesses por trás do comércio de drogas do que a simples lucratividade. Na China, por exemplo, Ren Bishi, um dos primeiros líderes do Partido Comunista, encarregou-se da venda de ópio, durante a guerra de resistência contra a invasão japonesa, numa época em que o ópio era o símbolo da invasão estrangeira, já que os britânicos haviam introduzido aquela cultura, segundo os chineses, para atrofiar-lhes a economia e para viciar o povo. Apesar da aversão chinesa, portanto, ao ópio, Ren Bishi patrocinou seu cultivo em grandes extensões de terra, justificando-o pelas necessidades do partido.

Além disso, sabe-se que uma sociedade com endemia de viciados é obrigada a gastar grande parte de seus recursos com os prejuízos causados pelo consumo de drogas, que vão desde a simples tentativa de recuperação dos viciados aos atendimentos de pacientes vitimados pela violência que acompanha o comércio de drogas, incluindo aqui os acidentes automobilísticos – o que contribui, é claro, para uma considerável retenção da capacidade de investimento “sadio” do capital humano e financeiro desta mesma sociedade.

Além desse exemplo de uso estratégico do ópio (e, por associação, de outras drogas) até como arma de destruição, para posterior dominação, e como se pode depreender das informações como as que constam no quadro acima, as substâncias químicas que participam da composição das drogas ilícitas, muitas vezes, são as mesmas que servem de base para a produção de alguns dos mais importantes medicamentos lícitos e necessários à medicina moderna – fato que contribui enormemente para que o cultivo e a fabricação destas substâncias não possa simplesmente desaparecer.

Dessa forma, por todas estas razões acima citadas e ainda por uma série de outras que não caberiam aqui, tendo saído essencialmente da cabeça de experimentados ex-policiais do BOPE, o conteúdo de Tropa de Elite jamais atribuiria ao consumidor final das drogas o motivo principal do “sucesso” esplendoroso do tráfico de drogas e do crime organizado sobre a cada vez mais acuada e quase que indefesa sociedade. Não, as feridas que foram cutucadas pelo conteúdo do filme são muito mais importantes.

Em sua essência, Tropa de Elite é simplesmente um urro daqueles elementos da sociedade que desejam viver e produzir em paz e que sabem perfeitamente que isso só é possível se houver um resgate da visão realista dos homens e do mundo, e que necessariamente tenha que entrar em confronto direto com as teorizações idealistas sobre os mesmos – que só têm escravizado e paralisado os homens de bem diante da ascendência dos criminosos, para os quais, como se sabe, não há a imposição (ou auto-imposição) dos mesmos limites. É a guerra assimétrica trazida para dentro de nossas casas.

Tropa de Elite é muito claro: trata-se de combater os bandidos com a mesmas armas com as quais eles atacam. E por que isso não acontece de maneira mais ampla e efetiva? O filme responde: “É por causa do Sistema”. É isso: enquanto não interessar aos donos do sistema que o crime seja severamente combatido, policiais, viciados, cidadãos comuns e “pequenos” criminosos - lá da ponta da cadeia da criminalidade organizada - continuarão a morrer nessa guerra desumana e sem fim que toma conta das grandes cidades.

É sobre isso que fala Tropa de Elite. Sobre o Sistema que remunera mal os policiais; sobre o Sistema que permitiu que criminosos fossem infiltrados nas instituições de combate ao crime; sobre o Sistema que coloca na cabeça dos estudantes inversões absurdas de valores, fazendo com que venham a construir uma visão distorcida da realidade e da natureza humana; sobre o sofrimento dos indivíduos que sacrificam suas vidas (quase que inexplicavelmente) para não permitir que o crime organizado se apodere de vez de toda a sociedade; sobre o desespero de quem luta pela verdade e pela honestidade.

Esfrega na cara de todo mundo que enquanto bandido for protegido pelo Sistema, a luta contra eles será ingrata e custará as vidas de muita gente boa. Tropa de Elite esclarece de uma vez por todas que, para obter informação de bandido, de terrorista, ainda não inventaram outro método mais eficiente do que a tortura – triste, muito triste; mas é a mais pura imposição da realidade sobre qualquer que seja a teorização a respeito do assunto.

O filme mostra que, afinal, são essas mesmas técnicas - de aplicar a tortura e de impor o medo da morte – as que utilizam os criminosos, para dominar as comunidades em que se alojam e para apavorar a sociedade de um modo geral. Torturar prisioneiros indefesos e que nenhuma informação de fundamental relevância para vencer uma batalha contra o crime, cujo maior obstáculo para o sucesso seja o tempo, é crime hediondo, sim. Mas, ficará “biliardário” o indivíduo que descobrir (e que patentear, para dar consultoria exclusiva) outro método que não a tortura (física e/ou psicológica) para extrair de criminosos “profissionais” informação imprescindível ao combate imediato de qualquer ação criminosa de bandidos ou de terroristas. Bem-vindos à realidade!

Realidade esta que coloca a preservação de nossas vidas nas mãos dos homens como os capitães Nascimento, os Neto e os Matias. Ou está todo mundo pensando que também não é cúmplice destes homens que são pagos por todos nós para ir barrar o crime com suas próprias vidas? O fato de não puxarmos os gatilhos que metralham jovens criminosos não nos exime, absolutamente, de nossa parcela de participação, uma vez que é a sociedade que dá procuração às polícias para que enfrentem pessoalmente os bandidos.

Assim como impera o discurso de que os “meninos” do tráfico sejam produto e vítima do Sistema (que, nesse caso, querem sempre associar ao capitalismo), que reagem, com violência, castigando os que eles supõem ser os “filhos da riqueza” – no fundo, geralmente, tão vítimas e tão impotentes quanto eles diante do Sistema -, igualmente, os capitães Nascimento também são produto e vítima desse mesmo Sistema, mas que reagem, também com violência, para, na verdade, impedir que os criminosos continuem descontando seus recalques nas pessoas erradas, matando e morrendo, numa guerra que só interessa aos inatingíveis donos do tal Sistema.

É por tirar do anonimato essas, até então invisíveis, criaturas possuídas por um espírito de resistência, de reação corajosa, de enfrentamento contra tudo aquilo que muitos vivem dizendo ser impossível ou inútil combater, que Tropa de Elite sacudiu o espírito desesperançado dos brasileiros, aliviou-lhes das gargantas o grito por justiça. Tropa de Elite esfregou o brasileiro na cara do Brasil – cuja elite que o governa nos últimos 30 anos tem feito questão absoluta de ignorar, de enganar, de explorar e de tentar transformar (por meio de incessante lavagem cerebral, através do ensino e da mídia escrita, falada e visualizada).

A esquerda está em polvorosa, criticando duramente o filme de José Padilha e conduzindo as discussões sobre Tropa de Elite para a superficialidade da questão da participação dos consumidores de drogas como cúmplices do crime organizado, e para o repúdio aos métodos do BOPE no combate aos criminosos – tudo em fervoroso empenho para trancar o brasileiro de volta no fundo daquele armário escuro, onde estava sendo bem sucedida em escondê-lo de si mesmo, embaixo de toda aquela imensa pilha de filosofias de engodo que não fazem nada além de dividir nosso povo, forjando cenários falsos da realidade, para jogar brasileiros contra brasileiros, dividindo-os, irreconciliavelmente, justamente para dominá-los e sobre eles poder reinar.

O pânico da esquerda é o de que comece a baixar o espírito do capitão Nascimento, do Neto, ou do Matias nos estudantes, nos jornalistas, nos militares, nos funcionários públicos, nos professores, nos PMs, nos juízes e de que esse “vírus” do “quero meu país e minha vida de volta” comece a se espalhar descontroladamente a ponto de vir a jogar por terra anos e anos de trabalho de conquista neo-revolucionária.

REBECCA SANTORO


TROPA DE ELITE - O QUE É BOM É BOM. PONTO FINAL
Christina Fontenelle
16/02/2008

Apesar do diretor do filme Tropa de Elite, Antônio Padilha, permanecer insistindo nas entrevistas que dá que seu filme procurou abordar a criminalidade do Rio de Janeiro de forma isenta e tentando mostrar os vários lados da questão, bem como colocar o personagem do Capitão Nascimento como um anti-herói, vítima também do que o filme chama de “sistema”, não há como acreditar naqueles que dizem que o filme tenha saído do controle das intenções de Padilha. Primeiro, porque ele é muito inteligente e não tem nada, absolutamente nada, de bobinho. Na verdade, o que parece é que o diretor assumiu um discurso “ongueiro-direito-humanista-esquerdo-psicótico”, para não ser definitivamente expulso e boicotado no meio cinematográfico brasileiro. Porém, inteligente como é, na realidade, o que Padilha captou mesmo foi os anseios do “inconsciente (bem ciente, aliás) coletivo da população, não só a carioca, mas também a do resto do Brasil, que não suporta mais ser vítima indefesa do crime organizado – que já deixou de ser o modo de vida de quem não teve opções na vida há muito tempo.

De qualquer modo, apesar das críticas contrárias ao filme, tanto no Brasil, como agora, quando estreou no Festival de Cinema de Berlim, no último dia 12, para concorrer à premiação, ao que parece, aos olhos do júri, Tropa de Elite, por ser um filme bem feito, com conteúdo e que aborda um tema corajosamente fora do olhar surrealista e irritante do politicamente correto, mereceu levar nada menos do que o primeiro prêmio: o Urso de Ouro.

Se tivesse sido indicado para concorrer ao Oscar, as chances de levar o prêmio seriam muito grandes. É bem capaz, agora, de haver intensa mobilização lá pelos “States” para que o sem graça e de tema mais do que batido “Quando meus Pais saíram de Férias” ganhe o tal do Oscar – só para mostrar que mostrar que falar de mentiras batidas e unilateralmente contadas sobre os idos dos “tempos da ditadura” (tempo em que guerrilheiro comunista não mandava e desmandava no país e tempo em que éramos a quinta economia do mundo) faz mais sucesso do que filmes que tratem de temas atuais e de maneira verdadeira, deixando o politicamente correto de lado.

Acontece que, meus caros, o que determina o sucesso de um filme é a bilheteria e, excepcionalmente aqui no Brasil, pela quantidade de filmes pirata que são vendidos. Além disso, é determinado também pelo que sai das telas para o cotidiano das pessoas, marcando épocas e até gerações – um bom exemplo disso é a expressão que está nas bocas de todo mundo: “pede pra sair 02” (fenômenos que só costumam acontecer, aqui no Brasil, provocados pelas novelas globais que ficam no ar, diariamente, por mais de 5 meses no ar.

Pois é, pessoal do contra, engole essa e pede pra sair. E Padilha, vê se assume logo essa sua genialidade de tirar o que passa na cabeça do povo e colocar na telona!


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